Barbieri diz que Vasco tem tudo para surpreender, mas pede pés no chão na volta à Série A

Treinador fala em contrariar estatísticas, comenta sobre inexperiência do grupo na Primeira Divisão e sobre a ausência de um camisa 10: “Temos que buscar soluções”

A dois dias da estreia no Campeonato Brasileiro, no sábado, às 21h, contra o Atlético-MG, no Mineirão, o técnico Maurício Barbieri analisou a situação do Vasco e falou sobre suas expectativas para a competição.

O treinador elogiou e classificou seu elenco como competitivo, mas deixou claro que o primeiro objetivo é buscar uma regularidade para contrariar as estatísticas de clubes que costumam sofrer quando retornam da Série B.

– Acho que temos etapas que temos que cumprir. São progressivas. Em um primeiro momento é muito importante que sejamos uma equipe competitiva, que compita de igual para igual com qualquer adversário. Precisamos ter os pés no chão e contrariar as estatísticas, uma vez que boa parte das equipes que sobem acabam descendo. Também temos que contrariar as estatísticas do clube, que vem subindo e descendo nos últimos anos. A partir do momento que a gente consiga ser competitivo e tenhamos uma regularidade de rendimento, podemos pensar em uma vaga em uma competição internacional. A ideia é competir em um campeonato duro, em que a consistência acaba pesando no final – analisou o treinador.

O treinador também acredita que o Vasco passará por oscilações dentro da competição, principalmente por se tratar de um elenco jovem. No entanto, Barbieri elogiou o grupo e disse que seu time tem tudo para surpreender no Campeonato Brasileiro.

– O Vasco vai alternar grandes jogos com grandes resultados e vão ter momentos com ótimos desempenhos, mas que o resultado não vai aparecer. E também vão ter momentos que o rendimento não vai ser aquilo que a gente espera. Claro que eu quero e espero que a consistência esteja muito mais presente do lado positivo, mas são muitas mudanças e muitos desafios. Volto a dizer: pelo que a gente apresentou no início do ano, pela dedicação, acho que o Vasco tem tudo para surpreender e fazer uma grande competição

Barbieri também comentou sobre a inexperiência do elenco, uma vez que pelo menos 14 jogadores do Vasco vão disputar a Série A pela primeira vez. O treinador reconheceu que seu grupo é jovem, mas apontou o potencial do Vasco para superar adversidades e fazer uma boa campanha na Série A.

– A gente tem um número grande de jovens jogadores, todos com muito potencial e capacidade de crescer na carreira. São jogadores jovens. Se não me engano, temos sete jogadores com mais de 38 jogos na Série A, que é um campeonato todo. Essa lacuna no quesito experiência sem dúvida é um fator de dúvida. Temos que ver como esses garotos vão corresponder. Mas pelo que eles têm apresentando nos jogos e nos treinos, há uma expectativa muito boa. Mas é um elenco jovem, e isso faz parte desse processo de reformulação. Saíram 24 jogadores e chegaram 14. São muitas mudanças. O caminho é difícil e tortuoso. Temos grandes desafios, mas acredito que vamos fazer uma grande competição e terminar de forma muito positiva.

Barbieri também comentou sobre a busca por reforços, especialmente por um camisa 10. O Vasco tem tido dificuldades para encontrar esse jogador e liberou Nenê nesta semana, único atleta do elenco com essas características. O treinador reconheceu que a posição é uma carência no elenco, mas citou o número de chances criadas na temporada para minimizar a ausência de um meia-armador.

– É uma posição que a gente vem buscando desde dezembro. Não conseguimos por diversas razões. A partir do momento que não tenho, temos que buscar soluções. O Alex Teixeira tem essas características, embora mais próximo de uma meia atacante do que armador. O Marlon Gomes também pode fazer um pouco dessa função. Temos tentado achar soluções, mas continuamos buscando. Não será possível nessa janela, talvez na próxima. O ponto positivo é que mesmo sem esse jogador a gente tem conseguido criar muitas chances. O Vasco foi a equipe do Campeonato Carioca que mais criou chances de qualidade. Faltou eficiência. Acredito que se continuarmos criando e soubermos aproveitar melhor, vamos sentir menos a falta desse camisa 10.

Outros trechos
Estreia contra o Galo
– É uma expectativa muito grande de todos, do torcedor, do clube, nossa. Todos os jogadores gostam dos jogos grandes, isso é unanimidade em todos os clubes. Claro que enfrentar uma equipe como o Atlético sempre é um desafio importante, mas isso mexe com os jogadores de forma positiva, no sentido de mostrar seu valor, se reafirmar enquanto grupo e equipe. Sabemos da qualidade coletiva e individual que o Atlético tem. Posso citar várias figuras, mas acho que o principal seria o Hulk. Não quero me estender porque não sei se ele vai jogar ou não, mas é um dos jogadores que têm capacidade de desequilibrar.

– Para essa estreia a gente chega bem, a gente aproveitou bem essas semanas de treinamento para consolidar muitas coisas, criar variações, nos entender mais como equipe. Muitos jogadores chegaram no meio do caminho e tivemos que acelerar algumas coisas, colocá-los na arena mais na base da conversa do que do treinamento. E esse período nos deu a possibilidade de treinar todos eles, de avançar com alguns que precisavam de ritmo de jogo.

Reforços caseiros
– Nem sei se vocês iam perguntar, mas já vou adiantar: o Orellano é um jogador que cresceu bastante nesse período, o Marlon retomando uma forma muito mais próxima àquilo que ele pode entregar, dentre outros. O Figueiredo retomando a forma que ele perdeu quando teve a lesão. Então esse período foi muito importante para deixar o grupo mais homogêneo com relação a isso, ritmo de jogo, capacidade física… Acho que a gente chega bem preparado para fazer um grande jogo, para buscar um resultado positivo, que é o que nos interessa. Mas com muito respeito, sabendo que vamos enfrentar um grande adversário.

Oscilações
– Eu gostaria de poder responder a você que vocês vão ser um único Vasco, mas isso não acontece não só com Vasco, mas com nenhuma equipe do futebol brasileiro. Todas as equipes oscilam, isso tema ver com momento dos jogadores, da competição. Volto a enfatizar: por ter um elenco que tem aproximadamente 60% ou mais dos jogadores com idade até 23 anos, por ser um elenco que ainda está se conhecendo, diferente de outras equipes que jogam há dois, três anos juntos. Por tudo isso, o Vasco vai oscilar, eu não omito isso do torcedor.

Disputar uma única competição
– Acho que é possível que traga uma vantagem no sentido de termos um elenco mais descansado entre os jogos. Talvez nos primeiros jogos não tenha um peso tão grande. Mas na sequência isso tende a trazer um desgaste maior para os adversários. Temos que saber usar isso a nosso favor, sendo uma equipe intensa, com ritmo elevado.

Rendimento e resultados
– O que mudou do jogo contra o Bangu e dos outros jogos em diante, faço a exceção do ABC, não foi o rendimento e sim os resultados. Perdemos os jogos para o Flamengo, mas poderíamos ter sido justos vencedores nesse último se tivéssemos a eficiência que não tivemos. Não conseguimos ser eficientes no bom número de oportunidades criadas. Ajustamos questões defensivas e ofensivas, a oscilação faz parte em uma equipe que está em formação. Jogadores chegaram no decorrer do campeonato.

Brasileirão equilibrado
– Quando a gente olha principalmente pra camisa e história dos clubes esse Brasileiro tende a ser o mais disputado. Mas tem o fator campo, como cada equipe vai se comportar. Não vai ter vida fácil, o investimento melhorou nos últimos anos de forma geral, então tende a ser um campeonato mais equilibrado do que foi nos últimos anos.

Entrosamento entre Andrey e Jair
– Andrey veio de um período de inatividade de jogos, oscilou, mas teve um desempenho bom no último jogo. Não acho que ele e Jair têm tido dificuldade de se entenderem. Cada um tem ocupado um espaço diferente do campo. As dinâmicas que o Andrey têm imprimido são diferentes da do Jair, a gente tem jogado de maneira diferente até pelo posicionamento do Alex pelo lado esquerdo, aproveitando a subida do Piton. Do outro lado tem o Pec e o Puma. São quatro jogadores com características diferentes. Mas o Andrey tem se adaptado, chegado à frente, conseguido finalizar. O Jair também. Acho que esse período de treinos foi importante para eles se entenderam ainda mais, eles têm condição de no sábado mostrar isso, fazer um grande jogo e ter um grande rendimento.

+ Contratações do Vasco: veja quem chega e quem vai embora

Preparação
– A gente procurou fazer jogos-treinos que não são iguais a jogos oficiais, sem dúvida. Mas procuramos fazer até em bom número para deixar os jogadores com mais minutos. Acredito que praticamente todos os jogadores do elenco atuaram em um dos jogos pelo menos mais de 70 minutos, que é o que a gente julga o mais próximo do ideal para preparar eles para enfrentar 90 minutos. Nesse sentido, tentamos minimizar a questão da falta de ritmo. E a sequência de jogos deles pode pesar negativamente no sentido de desgaste. Eles pouparam, por exemplo, o Paulinho desse último jogo por uma questão de desgaste, então foi poupado. Isso mostra que eles em algum momento vão sentir essa sequência de jogos. Como disse, a gente tem que tentar usar isso a nosso favor para fazer um jogo intenso, agressivo. Fazer com que eles tenham que correr bastante também.

Reformulação e variações
– São 120 dias do Maurício no Vasco, mas não são 120 dias desse elenco. Os jogadores chegaram em momentos diferentes. Tem uns que tem 120 dias, e outros mal têm 30. Eu preciso deles para trabalhar. Mas a gente imprimiu um grande número de variações no decorrer dos jogos. Já jogamos com dois volantes, três volantes. O Alex tem atuado mais por dentro, o Erick (Marcus) quando entra fica mais grudado na linha, porque ele tem uma característica mais de drible. O Alex costuma se aproximar do atacante, atacar os espaços, fazer a infiltração entre os zagueiros. O Pec é um jogador de mais intensidade e velocidade que o Luca (orellano).

– O Luca é um jogador que pode jogar por fora e por dentro. Nos treinamentos a gente tem alternado, conversado isso com ele. Ele foi bem enfático: a maior parte da carreira dele ele atuou do lado, como extremo. Mas ele gosta de flutuar por dentro, ele também já jogou por dentro. O Marlon é um jogador que pode jogar mais próximo do atacante ou do primeiro volante, como ele faz na seleção. O Figueiredo já atuou como volante, como extremo. Com uma características diferente do Erick e do Alex. Já jogamos com duas linhas de quatro, com dois volantes…

 Já jogamos com três zagueiros, mesmo não sendo três zagueiros de ofício. Então já criamos essas variações, agora é o momento de reforçar essas variações, entender em que momento podemos usá-las. Como disse, não é uma maneira fixa, não tem uma só maneira de ganhar os jogos. A gente tem procurado trabalhar tudo isso.

By Camila Freitas

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